quarta-feira, outubro 01, 2008

Ich liebe mein Trabi
















Mas que amontoado de equipamentos foleiros, penteados à teclista de banda pimba dos anos 90 e fatos-de-treino tactel vai prá'qui.
Cheira-me a centro comercial ao domingo, Europa de Leste pré-Perestroika, ou aula de educação física de uma escola primária perdida nos idos de '80. Na verdade, poderia ser qualquer uma delas, mas como se sabe, a virtude está no meio - e no Alfredo Bóia.

Com a queda do Muro de Berlim, a Europa abriu-se perante si mesma como a testa de Carlos Secretário perante um remate de Banha Torres. Mas com menos sangue, sem ligaduras na cabeça e sobretudo sem perder os sentidos.
Como consequência, a Europa Ocidental, outrora tão altiva e segura de si, viu-se invadida por uma horde de mullets, bigodinhos ralos e fatos-de-treino de tactel. Alguns países tentam ainda hoje recuperar desse ingresso de verdadeirismo, como a Alemanha, a Alemanha e também a Alemanha. Sem sucesso. Porém, quando a década de 90 era apenas um recém-nascido chato e imberbe, tudo isto era novidade.

Apostando no elemento-surpresa, um grupinho de sete moços bem-parecidos meteu-se no seu trabi, e partiu rumo a Portugal. Porquê Portugal? Porque sim.
Porque sim, e porque um deles era adepto do Paços de Ferreira e queria ver o Radi ao vivo, coisa que todo o Homem deveria fazer antes de falecer. Aliás, costuma dizer-se na ex-Europa da Leste que ter um filho, plantar uma árvore, ver jogar o Radi, e escrever um livro são os quatro objectivos a atingir antes de conhecer o ceifador (não estamos a falar do Cao). O Octávio Machado já pode ir de vela em paz.

O primeiro busílis que se lhes deparou, foi que não havia forma de enfiar sete gajos e a barba do Djoincevic num trabi. Vai daí, e sugeriram que o futuro central salgueirista rapasse a selva pilosa com um corta-relva industrial.
Má ideia.
O nosso Carlos Paião hardcore de Belgrado não gostou da sugestão e apagou-lhe a vida à catanada. Os restantes cinco enfiaram-se prontamente no trabi e lá foram todos contentes em direcção à Terra Prometida do Ocidente. Posso garantir-vos que mais ninguém se voltou a meter com o Djoincevic na viagem. Aliás, foi ele quem decidiu que K7's se enfiavam no auto-rádio e quantas vezes se ouviam cada uma. E o facto de se ter ouvido a mesma K7 do Clemente por vinte e três ocasiões consecutivas demonstra muito do respeitinho que os companheiros tinham pelo dito cujo.

Chegados a Portugal, os compinchas decidiram espalhar as boas novas da Perestroika por diferentes localidades.

Dragan queria sol, praia, e edifícios de 32 andares à beira-mar.
Ljubinko queria aprender a ler em português, e sugeriram-lhe Gil Vicente.
Pestalic só queria beber café - tinha soninho.
Barnjak foi confundido com um gajo de uma banda porreira e recrutado para tocar baixo com os "Mexilhão Cheiroso", conjunto romântico do Minho. Nas horas livres jogava à bola.
Djoincevic disse que ninguém tinha nada a ver com a sua vida, e quem perguntasse mais alguma coisa seria convidado para um duelo até à morte com a sua arma de eleição: um tubinho de totocola.
O Miodrag armou-se em esperto e interpelou-o. Djoincevic prontamente sacou da totocola algures da sua barba. Miodrag fugiu, mudou o nome para Emil Kostadinov, e trocou o seu brilhante e sedoso fato-de-treino tactel por um apartamento nas Antas. Era um fato-de-treino fixe, o fecho éclair corria bem, e aquelas pequenas marcas de tecido queimado derivadas de quedas no chão do ginásio eram menos visíveis do que noutros da mesma estirpe. E era forrada a um tecido turco, branquinho.

Boa viagem, Djoincevic. Que nunca mais te perguntem para onde vais, insigne Camões de dois olhos perfeitamente funcionais.
Vais partir, naquela estrada, onde um dia chegaste a sorrir...

P.S.: Bem Haja ao Blog do Portimonense pelos cromos gentilmente cedidos, na pessoa de Pedro Simões, homónimo do nosso companheiro bloguístico e de um médio mítico da Amadora, que rematava como se estivesse em Pearl Harbor a abater caças japoneses.

12 comentários:

P. disse...

Nota: a imagem chegou por mim mas os créditos da pesquisa da imagem vão para o Pedro "Guetov", também do Blog do Portimonense.

Anónimo disse...

a pergunta impõe-se, de facto. o carlos paião desapareceu pouco antes do djoincevic chegar a portugal. será que são a mesma pessoa?
e nunca ninguém viu o camões e o djoincevic no mesmo sítio em simultâneo. ca´para mim, aquela pala é para esconder a identidade secreta, à super-herói.

Anónimo disse...

Pois é!!

O Carrasqueira tem um bom ponto de vista!!

Será que o Djoincevic é o António Variações?

Ou será que o Ljubinko afinal não é mais que o Fernando Pessoa??

Que eu me lembre também nunca foram vistos ao mesmo tempo no mesmo sítio...

Todo um novo mundo de conspiração acabou de aparecer na minha cabeça!!

Vou meditar sobre isto e já cá volto...

Abraços e Zahovics para todos.

Ivo

Anónimo disse...

Só sei que o Djoincevic nos disse para não nos metermos na vida dele.
E eu vou seguir as instruções à risca.

@Simõesonov: A César o que é de Guetov. Um Bem Haja para ele.

Anónimo disse...

E pronto, já meditei, mas dadas as ameaças do Djoincevic acho que vou manter as conclusões só para mim...

Epah, agora a sério, o contingente de leste foi mesmo um marco na nossa bola!

Quem é que não se lembra do Yuran, Kulkov, Mostovoi, Juskowiack, Lemajic, Vujacic, Adalberto ("Adalberto??" perguntais vós incrédulos. Sim, Adalberto, respondo eu. Adalberto é Croata, o seu verdadeiro nome é Petar Doijevinski. Só mudou de nome para poder jogar ao lado do Alfredo Bóia a do Vitinha.É que o Alfredo não se dava lá muito bem com estrangeiros e o Vitinha não gostava de ninguém que tivesse um nome mais pomposo que o dele...)

Manias...

Um Bozinovski bem cheiroso para todos.

Ivo

Anónimo disse...

É mesmo. Os brasileiros não têm metade da piada, se bem que sempre aparece um Rodrigo Arroz de quando em vez. Mas aquele look de Leste, personificado na selecção búlgara do Mundial de 94, era o sal do futebol. E não os golos, como tanta gente assume. Bah,

Rodrigues disse...

Fantásticos looks retirados detrás da cortina de ferro, com esse suplemento que é a sempre sedutora inconografia comunista.

A música que os outros cinco queriam ouvir e que o D(j)oincevic não deixou:
"Cá vou eu no meu Traby
De bar em bar a aviar
Sempre a abrir a noite toda
Sempre a rock n' rollar"

Anónimo disse...

Como te percebo caro fitzx...

O que é um golo de bicicleta, ou um livre a 35 metros se depois não há um bigode farfalhudo ou uma mullet despenteada aos saltos pelo ar no meio dos festejos?

Volta Balakov, estás perdoado...

Anónimo disse...

Ah, Balakov, se voltares traz o Juskowiack contigo...

Ivo

Gino Magnacio disse...

hehehehe

Essa selecao Bulgara tinha um lobisomem de seu Trifon Ivanov, infelizmente nunca chegou a jogar em Portugal....Mas jogou o Capachinho Mihailov no Belenenses ao menos isso.

Nao concordo com isso dos Brasileiros, basta pensar no Tiui, Paredao (Big Stone Wall), Amaral( o corcunda da Nossa Senhora da 2 circular), Clovis (one goal wonder), Hulk, George Jardel (nao o do Guarana, o outro o da Ginjinha), Marlon Brandao, Paulinho Cascavel,Pittbull, Leandrinhozao, Leo Lima....

Meu Caro todo o Dinda tem o seu Prokopenko, todo o Helivelto tem o seu Krpan, todo o Alex Bach tem o seu Sumudica....sao fases.

Nao te lembras da fase Espanhola 1994-1996, Dani Diaz, Tonito,Miner

Agora sao mais latin Kings na peugada um Alejandro Diaz, num remate pa bancada de um Mauro Airez ou na idiotice de um Ruben Piaggio.

Nao viste o Porto na terca?? Aquele Benitez conseguiu deixar os adeptos do Porto a suspirar pelo Lino? Nao esta ao alcance de qualquer um, eu cheguei a pensar que o homem a continuar assim qualquer dia acaba no Real Madrid a fazer de Secretario.

Como uma sentida homenagem ao jogador brasileiro deixo-te um Dino para ti e um Filgueira para os demais

Anónimo disse...

Então o Paços teve um Radi e um Rudi?:|

Anónimo disse...

Sim. E jogaram ambos no Chaves também. Boa sorte a uma empresa de recursos humanos para distinguir os CV desses dois cromos.

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